Projeto Mobilidade Humana ES: passado e presente financiado por: Edital FAPES Nº 14/2014 - PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA JÚNIOR (PESQUISADOR DO FUTURO) em parceria de pesquisa com a UFES Coordenador - Maria Cristina Dadalto Monitores: Tatiana Dias Zocrato e Mayara Cardoso Felix Prudêncio Pesquisadores/colaboradores: Cione Marta Raasch Manske, João Evangelista de Souza Adilson Silva Santos, Fabiene Passamani Mariano, Silvana Maria Gomes da Rocha, Raul Felix Barbosa.
terça-feira, 2 de outubro de 2018
quinta-feira, 26 de julho de 2018
MOBILIDADE HUMANA ENTREVISTA – GUILHERME DEZAN
Entrevistado: Gersom Jacob Dezan, 82 anos.
-Vô, poderia me contar um pouco sobre a sua história e dos seus familiares?
- Pelo que me lembro bem, eles vieram da Itália, tá entendendo? E quando eles chegaram
no Brasil era mata pura quase, não tinha quase nada! Tá entendendo? Eles não falavam
também... Eu aprendi um monte de língua italiana (sorrindo e dando uma risada). Então,
eles vieram pro Brasil e frequentaram muita coisa difícil, entendeu? Pra poder sobreviver e,
eu aprendi muita coisa italiana, né? Que eu falava e um monte de coisa italiana que eu
sabia, mas esqueci.
-Mas então você nasceu aqui no Brasil?
- Nasci aqui no Brasil, meus avós nasceram na Itália! Nasceu todo mundo na Itália e aqui
quando eles viera, vieram num navio, não sei, parece ser um negócio assim e foram
soltados aqui no Brasil e naquela época foi dificil pra danado pra eles, por que foram tirando
mata, fazendo lavoura e foi construindo e daqui a pouco foi chegando mais, entende? E foi
formando, aquele pessoal da Itália, por isso tem muito italiano no Brasil e, nós temos que
agradecer a eles! Os italianos tiveram coragem, foram forte, não são medroso igual nóis
não! Derrubaram mata, plantaram café, plantaram milho, plantaram TUDO! Entendeu? Tudo
que eles podia fazer, eles fizeram, por que eles eram inteligentes. Ali foi criado meu pai, os
irmãos do meu pai e depois meu falecido avô morreu e só ficou minha vó, e depois ela
morreu também, quando minha avó morreu, já tava com os filhos todo formado, já quase
casado e então começaram a trabalhar. Meu pai morava em monte alegre e depois ele veio
para o norte, também frequentou uma barra pesada, por que não tinha lavoura, quase, né?
Então os cara derrubava mata, né? E plantava mantimento, café.. e aí foi formando.
Inclusive se não fosse eles, o Brasil estaria cheio de mata, foi tudo graças a eles.
- E a sua infância, como era?
- Ah, era ótimo! Eu plantava e comia sem problema nenhum em ter problema de saúde, pois
não tinha esses agrotóxicos lá em Monte Alegre onde nasci, meu pai tinha lavoura lá, tinha
porco, tinha galinha, café, gado a vontade, né? A única coisa que nóis comprava lá era sal,
pra fazer comida, né? E querosene pra iluminar as casa, que era botado naquela latinha,
né? Por que não tinha luz, comprava o trigo também e o resto não precisava comprar, por
que tudo tinha lá na roça.
- E quando foi que você veio aqui para Cariacica?
- Eu casei lá no norte, tive a Lúcia e o Inácio e o resto de filho foi aqui em vitória. Eu aprendi
a ser alfaiate lá no norte, e comecei a trabalhar aqui como profissão aqui na cidade e
trabalhava na feira, também. E pra mim ficar com a profissão legalizada, eu fui fazer um
curso em São Paulo, com o melhor alfaiate do Brasil, e eu consegui tirar em segundo lugar..
tá? (com um sorriso no rosto). Então voltei e tive a Penha, a Cida,a Lena e o Júnior tive
depois, e to aqui até hoje, nunca fiquei devendo ninguém, minha vida sempre foi legal.
-Vô, poderia me contar um pouco sobre a sua história e dos seus familiares?
- Pelo que me lembro bem, eles vieram da Itália, tá entendendo? E quando eles chegaram
no Brasil era mata pura quase, não tinha quase nada! Tá entendendo? Eles não falavam
também... Eu aprendi um monte de língua italiana (sorrindo e dando uma risada). Então,
eles vieram pro Brasil e frequentaram muita coisa difícil, entendeu? Pra poder sobreviver e,
eu aprendi muita coisa italiana, né? Que eu falava e um monte de coisa italiana que eu
sabia, mas esqueci.
-Mas então você nasceu aqui no Brasil?
- Nasci aqui no Brasil, meus avós nasceram na Itália! Nasceu todo mundo na Itália e aqui
quando eles viera, vieram num navio, não sei, parece ser um negócio assim e foram
soltados aqui no Brasil e naquela época foi dificil pra danado pra eles, por que foram tirando
mata, fazendo lavoura e foi construindo e daqui a pouco foi chegando mais, entende? E foi
formando, aquele pessoal da Itália, por isso tem muito italiano no Brasil e, nós temos que
agradecer a eles! Os italianos tiveram coragem, foram forte, não são medroso igual nóis
não! Derrubaram mata, plantaram café, plantaram milho, plantaram TUDO! Entendeu? Tudo
que eles podia fazer, eles fizeram, por que eles eram inteligentes. Ali foi criado meu pai, os
irmãos do meu pai e depois meu falecido avô morreu e só ficou minha vó, e depois ela
morreu também, quando minha avó morreu, já tava com os filhos todo formado, já quase
casado e então começaram a trabalhar. Meu pai morava em monte alegre e depois ele veio
para o norte, também frequentou uma barra pesada, por que não tinha lavoura, quase, né?
Então os cara derrubava mata, né? E plantava mantimento, café.. e aí foi formando.
Inclusive se não fosse eles, o Brasil estaria cheio de mata, foi tudo graças a eles.
- E a sua infância, como era?
- Ah, era ótimo! Eu plantava e comia sem problema nenhum em ter problema de saúde, pois
não tinha esses agrotóxicos lá em Monte Alegre onde nasci, meu pai tinha lavoura lá, tinha
porco, tinha galinha, café, gado a vontade, né? A única coisa que nóis comprava lá era sal,
pra fazer comida, né? E querosene pra iluminar as casa, que era botado naquela latinha,
né? Por que não tinha luz, comprava o trigo também e o resto não precisava comprar, por
que tudo tinha lá na roça.
- E quando foi que você veio aqui para Cariacica?
- Eu casei lá no norte, tive a Lúcia e o Inácio e o resto de filho foi aqui em vitória. Eu aprendi
a ser alfaiate lá no norte, e comecei a trabalhar aqui como profissão aqui na cidade e
trabalhava na feira, também. E pra mim ficar com a profissão legalizada, eu fui fazer um
curso em São Paulo, com o melhor alfaiate do Brasil, e eu consegui tirar em segundo lugar..
tá? (com um sorriso no rosto). Então voltei e tive a Penha, a Cida,a Lena e o Júnior tive
depois, e to aqui até hoje, nunca fiquei devendo ninguém, minha vida sempre foi legal.
terça-feira, 24 de julho de 2018
Entrevista Nathan Freitas
A pesquisa realizada no bairro Vila Capixaba pelos alunos da Escola Ary Parreiras, foi uma experiência muito boa, pois me ajudou bastante a perder a timidez e a vergonha de entrevistar as pessoas.
Irei cursar Jornalismo e isso ajudou bastante para a minha experiência profissional, o que eu pude perceber no bairro, é que os moradores são bastante receptivos e a maioria dos moradores são idosos e imigrantes do interior do Estado do Espirito Santo e região.
Entrevista - Raphaela Pimentel Barboza
A atividade realizada em Vila Capixaba pelos alunos do projeto Mobilidade Humana da escola Ary Parreiras foi muito importante para o desenvolvimento do projeto, no qual andamos pelas ruas do bairro, entrevistando as pessoas à respeito da migração sobre o lugar que as pessoas vieram.
Muitas pessoas eram simpáticas e respondiam ao questionário com boa vontade. Mas ao mesmo tempo que tinham pessoas querendo nos ajudar, existiam pessoas que ficavam receosas em atender, talvez por medo de ser alguém perigoso tentando tirar proveito ou até mesmo por falta de interesse em responder as perguntas.
Eu percebi, com as pessoas que entrevistei, que a maioria vieram de Colatina, Cachoeiro de Itapemirim e Santa Maria de Jetibá, em busca de trabalho, estudo, e melhores condições de vida.
No entanto, tiveram muitas pessoas que disseram sempre morar aqui, e com isso era encerrada a entrevista.
Portanto, esse passo foi bastante útil para completarmos o projeto, pois nos informamos um pouco mais sobre as origens das pessoas que moram no bairro Vila Capixaba.
Muitas pessoas eram simpáticas e respondiam ao questionário com boa vontade. Mas ao mesmo tempo que tinham pessoas querendo nos ajudar, existiam pessoas que ficavam receosas em atender, talvez por medo de ser alguém perigoso tentando tirar proveito ou até mesmo por falta de interesse em responder as perguntas.
Eu percebi, com as pessoas que entrevistei, que a maioria vieram de Colatina, Cachoeiro de Itapemirim e Santa Maria de Jetibá, em busca de trabalho, estudo, e melhores condições de vida.
No entanto, tiveram muitas pessoas que disseram sempre morar aqui, e com isso era encerrada a entrevista.
Portanto, esse passo foi bastante útil para completarmos o projeto, pois nos informamos um pouco mais sobre as origens das pessoas que moram no bairro Vila Capixaba.
Entrevistas Tauanda Oller
A experiencia das entrevistas no bairro Vila Capixaba ampliou minha visão quanto a população local, como ela se forma, a motivação, e também a influencia da sociedade sobre os migrantes.
Um ponto que chamou minha atenção em nossas entrevistas foi o presente relato do êxodo rural, pois a grande maioria dos entrevistados faziam menção em seus testemunhos que, de forma direta (por escolha própria) ou indireta (por escolha da família ou necessidades básicas) já haviam passado por este processo migratório.E este processo nem sempre é benéfico para os migrantes pois na maioria dos casos relatados pelos entrevistados eles foram forçados a passar por um processo de desnaturalização, onde deixaram os costumes e cultura de sua localidade natal e tiveram de se adaptar ao novo meio em que foram inseridos, no caso, o meio urbano, que na época era o município de Cariacica.
Um ponto que chamou minha atenção em nossas entrevistas foi o presente relato do êxodo rural, pois a grande maioria dos entrevistados faziam menção em seus testemunhos que, de forma direta (por escolha própria) ou indireta (por escolha da família ou necessidades básicas) já haviam passado por este processo migratório.E este processo nem sempre é benéfico para os migrantes pois na maioria dos casos relatados pelos entrevistados eles foram forçados a passar por um processo de desnaturalização, onde deixaram os costumes e cultura de sua localidade natal e tiveram de se adaptar ao novo meio em que foram inseridos, no caso, o meio urbano, que na época era o município de Cariacica.
Entrevistas Lucas Rodrigues Lacerda Souza
Sobre a atividade proposta adquirimos diversas experiências , dentre elas até mesmo muito peculiares.
Foram por meio das entrevistas realizadas pelos alunos do projeto mobilidade humana, estudantes da escola Ary Parreiras e localizada no bairro Vila Capixaba, onde podemos ter uma visão diferente diante da atividade realizada , pois por muitas das vezes somos nós que como comunidade assumimos o papel de entrevistados e não valorizamos o trabalho de quem entrevista. Estando nós ali como entrevistados podemos perceber o quão é importante que tenhamos bons ouvintes.
Vale ressaltar que obtivemos resultados positivos diante do exposto e no geral os moradores do bairro foram bastante receptivos.
Entrevistas - Ryan Cassiano Bueno
As entrevistas no bairro foram muito enriquecedoras, todas as pessoas que entrevistei em grande maioria foram muito educadas e receptivas, a maioria vive na mesma cidade que nasceu.
A atividade desenvolvida nos proporcionou visões e perspectivas de vida diferentes, já que durante as entrevistas adquirimos um contato e ficamos sabendo da história dos entrevistados, muitos vinham de Colatina-ES, vários recusavam ou fingiam que não estavam em casa, talvez, pela triste onda de violência que vivemos, mas no fim foi muito positivo e satisfatória as entrevistas, ter um contato e saber mais um pouco da história de cada um é muito gratificante, o projeto em si tem nos proporcionado experiências únicas!
Entrevistas, Ana vitória de jesus lima
As minhas experiências com as entrevistas foram bem tranquilas, os entrevistados se mostraram receptivos e educados.
Eu encontrei muitas histórias parecidas e por meio dessas histórias de vida contadas nas entrevistas notei que os relatos que mais predominavam no bairro eram os de pessoas que moravam no local já fazia muito tempo mas que vieram de outros lugares não muito próximos. Os entrevistados relataram que vieram para o bairro em busca de segurança na maior parte os homens, e as mulheres vieram porque se casaram e os seus cônjuges moravam no bairro. Também pude notar analisando as entrevistas que um número bem grande de pessoas do local não terminaram ou nem começaram o ensino médio. A faixa etária das pessoas por mim entrevistadas ficaram na faixa dos 30 anos acima e os entrevistados foram muito simpáticos.
Eu encontrei muitas histórias parecidas e por meio dessas histórias de vida contadas nas entrevistas notei que os relatos que mais predominavam no bairro eram os de pessoas que moravam no local já fazia muito tempo mas que vieram de outros lugares não muito próximos. Os entrevistados relataram que vieram para o bairro em busca de segurança na maior parte os homens, e as mulheres vieram porque se casaram e os seus cônjuges moravam no bairro. Também pude notar analisando as entrevistas que um número bem grande de pessoas do local não terminaram ou nem começaram o ensino médio. A faixa etária das pessoas por mim entrevistadas ficaram na faixa dos 30 anos acima e os entrevistados foram muito simpáticos.
Entrevista - Éric de Souza Batista.
Durante o percurso traçado até as entrevistas, foi possível perceber diferenças entre as famílias, tanto nos processos migratórios realizados por elas, tanto no desenvolver de suas de suas atividades no Espírito Santo. Onde através de seus relatos foi possível notar motivos pelos quais suas viagens foram concretizadas.
No decorrer das casas visitadas, algumas pessoas foram um tanto descritivas, receptivas e por vezes pouco receosas de se lembrar do seu passado, onde relatam ter muitas dificuldades.
Por conseguinte, foi possível tirar uma conclusão sobre o estado socioeconômico da região em relação às suas famílias até os dias atuais, pelo estado de suas moradias. Muitas elas não eram de luxo, eram casas simples. Isso mostra que o bairro em sua maioria é de uma origem pobre. No entanto, tal fator não minimiza a quantidade de moradores que obtiveram sucessos em seus trajetos.
No decorrer das casas visitadas, algumas pessoas foram um tanto descritivas, receptivas e por vezes pouco receosas de se lembrar do seu passado, onde relatam ter muitas dificuldades.
Por conseguinte, foi possível tirar uma conclusão sobre o estado socioeconômico da região em relação às suas famílias até os dias atuais, pelo estado de suas moradias. Muitas elas não eram de luxo, eram casas simples. Isso mostra que o bairro em sua maioria é de uma origem pobre. No entanto, tal fator não minimiza a quantidade de moradores que obtiveram sucessos em seus trajetos.
Entrevista - Leonardo Xavier Galdino
As pesquisas de campo foram muito gratificantes e enriquecedoras para o nosso projeto, pois com elas tivemos a oportunidade de conhecer várias experiências de pessoas já vividas e também saber mais sobre o bairro no qual nossa escola se localiza, Vila Capixaba. Nessas entrevistas, muitas pessoas foram bem receptivas e algumas até se emocionavam ao lembrar do passado, já outras se sentiam importantes por mostrarmos interesse por suas histórias.
Entrevista - Guilherme Dezan
Me serviu como experiência as nossas entrevistas em Vila Capixaba, principalmente o maior contato e conhecimento sobre os moradores dessa região. Foi muito interessante pois conheci mais sobre o local onde estudo, onde a maioia dos moradores são idosos, imigrantes do interior do estado. A grande maioria foi bastante receptiva e amigável e não se incomodou com as perguntas e se mostraram a vontade ao relatar sobre seu bairro, recordando o seu passado, incentivando e apoiando a ideia do projeto.
Entrevistas Rosimeri Denadai
Durante nossas entrevistas, passamos por muitos momentos que nos fizeram ter um contato maior com a sociedade e a realidade dos moradores de Vila Capixaba. O que pude observar é que a grande maioria das pessoas que ali residem trabalham fora de suas casas, o que é um ponto positivo para o desenvolvimento do nosso país, mas que dificultou o encerramento de nossas entrevistas, pois, fez com que fossem adiadas algumas vezes.
Nos deparamos também com uma família de imigrantes venezuelanos que se estabeleceram aqui a alguns anos e que não compreendiam nossa língua, sendo necessário a ajuda de um professor que nos auxiliou na comunicação, utilizando um "Portunhol".
Foi uma experiência interessante e que gostaria de participar mais vezes, mas, gostaria também que fosse em um momento em que houvesse mais pessoas em suas casas e que pudessem dispor de seu tempo para colaborar com as entrevistas.
Nos deparamos também com uma família de imigrantes venezuelanos que se estabeleceram aqui a alguns anos e que não compreendiam nossa língua, sendo necessário a ajuda de um professor que nos auxiliou na comunicação, utilizando um "Portunhol".
Foi uma experiência interessante e que gostaria de participar mais vezes, mas, gostaria também que fosse em um momento em que houvesse mais pessoas em suas casas e que pudessem dispor de seu tempo para colaborar com as entrevistas.
Entrevistas - Isabela das Neves Soares
Com as entrevistas aprendemos um pouco mais das imigrações de Vila Capixaba, ouvimos muitas histórias de vida. Uma das coisas mais frequentes eram que elas vinham para cá em busca de melhores condições de vida, como emprego e segurança.
As pessoas do bairro são receptivas, alegres e a predominação de idosos é intensa, a maioria não tem ensino médio completo pois pararam para trabalhar na roça em busca de melhores condições de vida
Percebi que o bairro há bastante imigrantes de todos os lugares e isso favorece para a grande miscigenação de etnias presente no bairro influenciando diretamente nos jeitos, costumes e modo de tratar os entrevistadores.
As pessoas do bairro são receptivas, alegres e a predominação de idosos é intensa, a maioria não tem ensino médio completo pois pararam para trabalhar na roça em busca de melhores condições de vida
Percebi que o bairro há bastante imigrantes de todos os lugares e isso favorece para a grande miscigenação de etnias presente no bairro influenciando diretamente nos jeitos, costumes e modo de tratar os entrevistadores.
sexta-feira, 29 de junho de 2018
quinta-feira, 28 de junho de 2018
Resumo sobre o Projeto Mobilidade Humana: passado e presente
"O Espírito Santo tem uma formação sociocultural marcadamente constituída pela diversidade. No século XIX tem início o processo de assentamento de imigrantes estrangeiros e nacionais Estado. Com a erradicação do café e a implantação dos Grandes Projetos na Região da Grande Vitória no último quartel do Vinte há uma mudança no padrão do fluxo migratório constituído. Fundamentado na perspectiva da história de longa duração, este projeto propõe descrever e analisar as distintas fases de desenvolvimento socioeconômico e cultural do Espírito Santo articulando-o ao movimento de mobilidade humana estruturada em três diversos momentos: 1) o período inicial da imigração estrangeira e nacional marcada pela presença de açorianos, italianos, pomeranos, alemães, chineses, nordestinos, mineiros, fluminenses, dentre outros; 2) o início do século XX até os anos de 1960, marcado por uma intensa migração interna, pela vinda de árabes e poloneses, e pela exploração da fronteira norte e noroeste ; 3) a partir dos anos de 1970 com a implantação dos grandes projetos industriais até os anos de 2016, com o aumento do fluxo migratório inter-regional para a Região Metropolitana da Grande Vitória. Neste sentido, objetiva apresentar e inserir aos alunos, moradores de Cariacica, ou de outros municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória, tanto migrantes como descendentes ou não, iniciar/conhecer um trabalho científico de conhecimento da sua história (passada e presente). Deste modo, visa entender os efeitos do fenômeno migratório, articulado à industrialização do Espírito Santo, analisando tanto os aspectos socioeconômicos e culturais quanto espaciais no crescimento das cidades. Para tal, utilizará dois procedimentos metodológicos: 1) levantamento de dados bibliográficos e cartográficos em arquivos e bibliotecas; 2) realização de entrevistas profundas e de história de vida com migrantes, com descendentes, e com alunos e familiares partícipes do processo imigratório ou de mobilização humana."
quarta-feira, 27 de junho de 2018
Relatos de entrevistas etnográficas produzidas para as oficinas de caderno de bordo
Entrevistas
feitas pelos estudantes com seus familiares sobre história de vida e imigração
no Espírito Santo, desenvolvidas para as oficinas de caderno de campo
ministradas pela monitora Tatiana Dias Zocrato
As entrevistas entregues pelos estudantes do colégio
EEEFM Ary Parreiras, em Cariacica ES, foram realizadas com intuito de buscar um
resgate histórico e cultural de seus familiares. As oficinas de caderno de
campo foram ofertadas em diversas etapas, contribuindo com o conhecimento
prévio da noção dos estudos antropológicos e do método etnográfico como forma
de busca da compreensão das diferenças notadas pelos familiares entrevistados
sobre a vida antes da mudança para o estado do Espírito Santo e também
interestaduais. Os relatos de campo possibilitam uma maior aproximação e
incentivo dos estudantes com a prática científica de pesquisa, além de trazer
uma maior aproximação e reflexão sobre o passado, as dificuldades e as
modificações vivenciadas ao longo do tempo.
Entrevista
realizada pelo estudante Eric
Observações
de campo, relatos de um estudante:
30/10/2016
·
Durante a entrevista, a entrevistada
se mostrou bastante pensativa. Mas um pensativo feliz, pois, ela gosta de
relembrar de onde veio, e os costumes de lá.
·
Mediante aos costumes e hábitos, a mesma
comenta que, ela sentiu um "choque", pois, eram experiências novas
para ela.
·
Durante o momento em que retrata suas
dificuldades, seu semblante se mostra mais abatido, pelos imensos sustos que
passara por ser algo novo para ela.
·
Mas em todo momento permanece em
olhar de orgulho, por ser uma batalhadora e conseguir superar cada dificuldade
com bastante garra e força de vontade.
Eu: a Senhora lembra de lá? Quando
morava em Minas?
Pessoa: lembro.
Eu: Como era lá?
Pessoa: Ah, quando a gente morava lá
era bom né, nessa época era bom quando a gente morava lá, assim, era
"dificulidoso" , "dificuldade" porque naquela época né, era
mais "difíci", não era como hoje-em-dia, que tem muita facilidade,
naquela época não, era muito "difíci".
Eu: Era muito difícil né?!
Pessoa: É, era muito
"difícil" naquela época.
Eu: e o que a senhora fazia lá?
Pessoa: Trabalhava na roça!
Eu: Como assim, colhendo café?
Pessoa: Colhendo café,
"prantando" feijão, "conhendo minho". Era o que a gente
fazia.
Eu: A senhora se lembra como era lá?
Pessoa: Como era?
Eu: Sim, como que era.
Pessoa: Assim,
Eu: A casa que a senhora morava...
Pessoa: ah, era uma casa! Uma casa
assim... aquelas casas antiga?! Aquelas casinhas de "cuminheira" não
sei se você já viu...?
Eu: Não... conheço não...
Pessoa: quando "cê" for em
"mina" é o que "ce" mais vai "ve". Aquelas
casinha de “cuminheira”... assim, era até bonitinha né?! Pra quela época né.
Assim, de soalho, não era assim em
peso, mas era tudo em sualho, a cozinha era de terra, acredita?
Eu: acredito, já até vi.
Pessoa: Isto, desse jeito.
Eu: E a senhora morava onde?
Pessoa: Morava em ... Bairro Alegre.
Eu: Lá em Minas né? Interior?
Pessoa: Isto ... depois de Aimorés
... bem distante.
Eu: E quando a senhora veio para cá?
Se lembra? Quando veio...
Pessoa: Quando eu vinho? Ixi... já
faz muito tempo...
Eu: Uns.. 20 anos?
Pessoa: Tem mais sabe... eu lembro de
quando eu vim "praqui", pelo meu filho, eu tinha um filho né,
nenenzinho ele era... ele não tinha nem um aninho ainda, acho que tinha 6
"meis", nessa época. Hoje, ele já está com uns ... 30 ... e poucos,
acho que uns 40, ta chegando nos 40...
Eu: Então mais ou menos uns 40 anos
que a senhora já está aqui?
Pessoa: É por aí, se não em janeiro
faz.
Eu: E quando a senhora veio de lá
para cá, notou muita diferença?
Pessoa: Notei! ... Grande diferença!
Eu: imagino né, porque a senhora não
trabalhava com nada que tinha aqui né?
Pessoa: Não, não trabalhava. E fiquei
um bom tempo sem trabalhar, eu só comecei a trabalhar só depois e eu ainda
separei do pai do meu fio, porque ele não deixava eu trabalhar né, e eu não
podia trabalhar, então era ele que tinha que trabalhar, eu não trabalhava. Só
depois, que passou um tempo e a gente separou, e assim sim, ai eu comecei a
trabalhar.
Eu: OK, voltando la, quando a senhora
era criança. Se lembra dos costumes da senhora? Por exemplo: brancadeiras ou
como os adultos tratavam as crianças?
Pessoa: assim, eu alembro quando eu
era mocinha, uns 13 ano, 14 ano, a gente brincava muito assim, com as outras
meninas, coleguinhas né, pra pode brincar, a tarde, a gente brincava no quintal
escuro né, porque não tinha luz, brincava naquele quintal escuro, mas primeiro
a gente tinha que fazer o trabalho antes de brincar. A gente moía cana... não
sei se você já ouviu falar. A gente tinha que moer cana primeiro, pra depois
brincar com a filha da vizinha, a gente brincava de passar anel, brincava de
esconder, era isso as brincadeira.
Eu: Mas quando a senhora veio de lá,
teve muita diferença, nos costumes? Exemplo: bandido, lá não tinha assalto né?
Pessoa: Nossa! Nem falava disso!
Eu: Nem falava?
Pessoa: Não! Nem falava que tinha
assalto! Era a coisa mais difícil que tinha, eu me lembro, quando a gente
morava no ... num local la, muito distante, que apareceu um rapaz la, e esse
rapaz roubava. Nesse dia deu até polícia na nossa casa, mas atrás dele né. Ai,
eles levaram esse rapaz, a gente ficou assim, "oiando" sabe, porque
eles amarraram as mão dele para tras, e levaram aquele rapaz. Eu só não me
lembro porque, mas levaram ele preso.
Eu: Ah, ta... porque naquela época
era todo mundo muito unido né, então quase não existia esse tipo de coisa né...
Pessoa: Isso...
Eu: E transporte era Cavalo? A pé?
Pessoa: Cavalo...
Eu: Cavalo ... e a senhora gostava de
andar?
Pessoa: Gostava! Nossa, e como
gostava! Eu me lembro uma vez que a gente "tava" vindo pra casa de
Cumpade Bastião, e tinha uma cordinha, e ele arraiava e a gente montava, uma
vez desceu comigo a ribanceira ... Nossa! E eu saio e ela desceu, la em baixo
com a cela e tudo na "carcunda" aí as meninas tiveram que ir em casa
fazer um "faxo de fogo" e vim pra iluminar, pra poder tirar ele,
porque a bichinha machucou, e em pouco tempo ela morreu...
Eu: Mas assim, comparando sua vida lá
e aqui, a senhora voltaria pra lá?
Pessoa: Não! Voltaria não...
Eu: não?
Pessoa: Não!
Eu: ah, ta. Qual foi o principal motivo
para a senhora vir para cá?
Pessoa: Principal motivo foi porque
lá, só tinha serviço de roça né, então só tinha serviço de roça né, então
serviço de roça já era mais "dificulidoso". Ai o pai dos meu filho
resolveu vim pra cá. Ai então a gente veio, ele veio na frente pedindo serviço,
depois foi me buscar mais os menino... nessa época eu tinha 3 filho, quando eu
vim praqui. E ai foi isso...
Eu: Então ta. Obrigado!
Entrevista
realizada pela estudante Rafaela
Meus avós por parte de pai moravam em
Laranjal com seus 10 filhos. Em laranjal, meus avós viviam de compra e venda de
animal, fruta e verdura. Lá tinha plantação de café, banana e manga, porém não
estava dando conta de sustentar a vida lá. Então eles decidiram se mudar para
Boca do Mato em Cariacica, onde moram atualmente.
No começo, eles quiseram voltar, pois
não estavam se acostumando com a vida nova aqui, demoraram a fazer amizade com
as pessoas pois não tinha quase ninguém morando perto deles.
Para criar coragem de arrumar a
mudança, demorou mais de uma semana, até então eles queriam voltar. Mesmo aqui
sendo melhor de se viver pois teriam uma condição melhor, tanto financeiramente
como em segurança, eles queriam voltar, até porque lá eles já tinham toda uma
vida formada.
Minha tia disse " Pensa em um
lugar feio, mas feio mesmo. Agora multiplica por dez, então, é lá mesmo onde a
gente morava. Não tinha nada em volta, só muito mato. Tinha uns três vizinhos
mais ou menos. Nossa casa era boa. A gente já tinha feito amizade lá, por isso
sentimos bastante falta no início.
A vida da família lá era basicamente
acordar, tomar café, ir para escola a pé e era quase meia hora andando e quando
voltavam, almoçavam correndo para ir ajudar os meus avós na roça.
Eles tinham o costume de ir para
igreja e depois brincar de roda com os amigos. Minha tia disse que brincou de
roda até os dezoito anos. O perigo de lá era quando os capangas chegavam,
homens que andavam armados e em cavalos. Quando eles chegavam todos corriam
para dentro de suas casas, menos minhas tias que eram amigas deles.
Dois dos motivos que fizeram com que
eles se mudassem para cá, foram água e luz. A água era da nascente, meu avô
encanou e colocou na porta de casa, porém só dava para ficar lá, devido a casa
ser muito alta. A luz foi um dos motivos principais, pois lá não tinha, eles
apenas usavam lamparina e aqui já tinha energia.
Eles vieram para cá com o objetivo de
uma vida melhor e mais segura, eles conseguiram e estão aqui há cinquenta anos.
Entrevista realizada pelo estudante Eric
Eu: O que a senhora lembra do seu tempo de criança?
Pessoa: No meu tempo de criança?
Eu: É, sim
Pessoa: Ah, eu desde a infância eu lembro que fui muito “sufrida”, criada sem pai, pelo meus “savô”, minha vó era muito braba *a pessoa riu*, e quando a gente cresceu mais se entendendo por gente, eu fui “pa” casa do “soto”, trabaiar” na roça ATÉ casar, ai casei, depois não pude mais ver eles, “separemos”, e fui morar com ele, e “graça a Deus”, se sua avó tem 50 ano de casado, “nóis” tem 60…
Eu: Muito tempo né?
Pessoa: É, 60 ano.
Eu: OK, e conheceu ele como ? trabalhando?
Pessoa: “Trabaiando” uai. Eu “trabaiava” numa casa, e ele “trabaiava” na roça. E lá no circuito do Brotão, todo dia vinha cavalo pra “trabaia” na roça, eu e “cumpadi Genéis”, os dois “junto”, ai eu conheci ele, e “fomo” pa compra a “mia” dele, mas não tinha nada. Ai depois passou, fiquei esperando da primeira menina né. Depois eu quase “murrio” quando tive la… quase “murrio”. Ai depois nois “ficamo” com a vida, nós e a “pô” retão “trabaiava”, depois ajudava o “cumpadi” “Genéis” cá. Cuidar dos nosso animal, depois nóis mudemo pro retão, peguei muita infermidade. Não sei se isso ai você pode “pôr”, mas uma infermidade muito grande na minha perna, por cinco ano, e eu nunca fui no médico, ai por ai foi, ai eu ganhei Maria, ganhei a Nilda…E fui “sofreno”, trabaiando puxado, pra tratar dos meu fio, e hoje graças a Deus eles pode ajudar em alguma coisa…E minha vida foi essa, “trabaiar” na casa do “soto”, trabaiar em casa de “famia”. Quando era na roça, “debruiar mio”, moía no pilão, buscar lenha, tudo isso era o nosso serviço que “nois” fazia.
Eu: plantava muito também?
Pessoa: plantava muito na roça, pegava o café e ia pra lavora.A gente não guentava ficar em cima, e então negava sabe, aquelas “cafua” de café. A gente entrava e eles iam botando assim em baixo. E ia tirando por cima e ia caindo no chão, depois no dia de juntar, a gente ia pa carreia do passeio, e ia juntando até desce em baixo, chegava lá em baixo e tinha aquele montão de café, assim pra depois banar, e tinha peneira ainda, banando tudo, e depois a gente botava pra secar. A nossa luta foi essa.
Eu:E desde aquela época, pra agora, ta muito diferente né? Por exemplo: telefone… essas coisas, porque não tinha né.. ?
Pessoa: Não, não tinha, nois andava era a pé, ia no “sobeta”, e era uns… 10 km da nossa casa. E nois ia a pé, voltava a pé. Nois ia de madrugada, meio dia nois tava em casa. Nossa vida foi essa, não tinha um carro pra andar, não tinha nada, e hoje nem “bicicreta” eu sei andar, não aprendi né.
Eu: Naquela época se andava de cavalo também né?
Pessoa: É, cavalo eu andei muito. Buscava remédio la, na dona Maria cordeiro. Na época que eu aprendi a andar de cavalo, eu tava gravida da primeira menina. Sebastião(marido) ficou doente, e eu ia buscar remédio pra ele.
Eu: e onde a senhora morava?
Pessoa: “anti” deu casar, eu morava indo pro machado, e depois que eu juntei com Bastião, nois moramos por muitos anos no “Ciriquito” e depois fomos pro retão, e de lá que eu fui pra Rosca seca…
Eu : então a senhora não viveu só na Rosca seca não né?
Pessoa: Não, eu morei depois que eu mudei pra li. E tem mais de 30 anos que eu moro na Rosca seca. Eu fui pra Rosca Seca eu Levei só Nilda e Maria. E ali (Rosca seca) eu tive o “Dimilso” , o “Bastiãozinho”, e a “Lenilde” … Ganhei eles tudo ali na Rosca.
Eu: Ah, ta, e a Violência ? Teve muita violência, eles assaltavam muito?
Pessoa: Não! Tinha nada disso, a pessoa podia sair sozinho, e andar, que você não via nada disso, desse negócio de droga…
Eu: Não né?!
Pessoa: Não!, Ih, meu fio, a gente fazia um forró, e dançava a noite inteira, a gente ia pra lavoura, quando acabava a lavoura, quando dava de noite era o forró, você podia ir, e dançava a noite inteira, nunca acontecia nada. Criança…, você podia beber igual hoje, eles bebiam cachaça, Toda vida, bebe né. Mas na estrada você podia andar sozinho, ninguém te cercava, ninguém fazia nada.
Eu: Então a segurança era boa né?
Pessoa: Era, não tinha esse negócio de droga de lá, droga daqui…, a gente nem sabia que que era isso, de pouco tempo pra cá, que eu fiquei sabendo. Fui descobrindo, essas coisas coisa a gente nunca viu. No nosso tempo de mais jovem não tinha isso. A gente tinha que trabaiar tudo muito sofrido, mas isso não. Você tinha que trabaiar porque era sofrido, você não tinha as coisas pra comer direito, as vezes a gente fazia uma comida sem gordura, e comia aquilo, mas ficava gostoso, hoje tem as coisas de comer as vezes nem tem gosto de comer né…
Seus tios e seu avô, também sofria muito. Trabalhando na roça, a mãe deles socava “mio” na panela pra fazer canjica, pra fazer comida, porque não tinha gordura pra fazer. Isso tudo, nois passamo na nossa vida né. Se é pra contar o passado da gente, é isso que eu tenho porá te contar.
Eu: Mas assim, a comida era diferente né?
Pessoa: era, a gente tinha canjica, feijão, uma farinha torrada, uma carne de porco, porco existia muita carne, a gente matava o porco em casa. E os companheiro, a gente tratava muito de companheiro, era de comida, era de almoço, merenda depois de meio-dia, depois janta, pros companheiro na roça. Igual hoje, as vezes você almoça e as vezes ne janta né, e de primeiro não, você fazia almoço, oito hora e almoçava na roça. Dava meio-dia , era a merenda, dava duas hora estava a janta na mão.
Eu: Já?
Pessoa: Já, e era socado no pilão, “maiava” cana, no engenho, pra ficar garapa. É incrível, como eles falam comigo lá, eu sinto muito, eu fico triste mesmo,. Porque todo dia, igual hoje é 13, Todas 13 eu alembro do nosso sofrimento. Quando eu e minha mãe, nois morava na roça, eu e minha menina. Como a gente ficava o dia todo na roça, minha menina ficava com fome, e eu não tinha pra da, ai nois foi embora, a “muier” tava jantando, e perguntou pra ela se ela queria comer, e ela aceitou e comeu tudo, eu fico triste por conta que eu era sufrida e não tinha pra dar pra ela. E até hoje, eu reclamo, mas eu vou parar de reclamar, o que passou, passou. E Deus vai me ajudar, porque eu vou fazer o pedido e Deus vai me ajudar. Vou entregar na mão do Senhor.
Eu: Em questão da roupa era muito difícil também né?
Pessoa: Roupa… a gente nem tinha pra vestir. De vez em quando a gente comprava lá uma Xita né, e fazia pra vestir. Se tivesse que ir na missa ir descalço, por isso eu não gostava sabe, a gente nunca tinha nada direito. Tinha uma “muier” la, que ela vendia lata de doce, ela levava aquelas latinhas de doce la em casa que nem prato a gente tinha. O Bastião levantava de madrugada, pra fazer farinha suada, uma garrafa de café, e levava pro mato pra comer. Pois é, é isso que eu tenho pra te falar, porque a gente ver hoje em dia, vocês tem calçado, tem roupa, o celular, os meu minino não, teve que trabaiar pra ter as coisa deles. Me ajudava com as coisas em casa, pra depois trabaiar. E isso meus fios passou, e hoje os fios deles tem tudo. A gente passava dificuldade, que nem sabia o que era dinheiro. A gente trabaiava pro “soto” o ano inteiro, em troca a gente pegava alguma coisa de comer. Era um saco de fubá, ou era gordura, uma rapadura, um melado, Essa foi nossa dificuldade.
Eu: Mas hoje, em dia a senhora tem muito orgulho pelo o que passou?
Pessoa: tenho! Orgulho do que passei, e tenho orgulho do que eu tenho, porque graças a deus, hoje eu tenho alguma coisa né.Porque eu nem tinha cama pra mim dormir, de primeiro, dormia numa esteira, e tinha que acordar cedo pra trabaiar. La em casa, quando o galo cantava, minha vó tinha um sistema que ela dizia: Maria, o galo cantou é a hora, quem tem duas tira uma e joga fora. *risos*
Eu: rsrs
Pessoa: A gente levantada a ia pro rio tomar o banho da gente, vestia a ropinha da gente, pra de madrugada ir pra lavoura trabaiar, chegava de noite, era a mesma coisa, ia pro córrego tomava banho e vestia a ropinha. E era assim, eu lavava as roupas punha pra secar, pra chegar, tomar banho e vestir ela. Os menino só vestia roupa ganhado do “soto”
Eu: E hoje-em-dia, ta tudo mais fácil né?
Pessoa: É hoje ta, hoje tem tudo mais fácil, nossa… hoje vocês tão no céu. Oiando o que a gente passou voc~es tão no céu. Vocês tem tudo, mas graças a Deus, hoje ta muito bom. Nossa vida foi fácil não…
Eu: Então tá bom, Obrigado pela entrevista!
terça-feira, 22 de maio de 2018
Oficinas\Viagem
Fotografias registradas nas oficinas de Caderno de Campo, realizadas na Escola Ary Parreiras ES. Oficinas de Fotografia, realizadas na UVV (Universidade de Vila Velha) e fotografias da finalização da viagem às "3 Marias" ES.
segunda-feira, 21 de maio de 2018
Viagem às 3 Marias part 1
A viagem às "3 Marias" contemplando os municípios de Santa Teresa, Santa Maria de Jetibá e Santa Leopoldina, foi organizada e realizada pelo Projeto Mobilidade Humana ES: passado e presente, contando com a presença de estudantes e demais integrantes do projeto. Foram feitas diversas paradas ao longo das cidades nos principais pontos turísticos das cidades, visando ampliar o conhecimento cultural e da diversidade presente dentro do nosso Estado, possibilitando aos estudantes um diálogo maior com a história do Espírito Santo, a partir das visitas, das informações, do acesso à novos espaços, paisagens, modos de vivência e etc.
Ficam aqui, alguns registros
Ficam aqui, alguns registros
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